Xadrez Sergipano em Luto





CONSOADA

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
(Manoel Bandeira)

No dia 15 de fevereiro de 2015, deixou-nos o Prof. Mário Roberto, para alguns conhecido como Prof. Mário, Mestre Mário, Mário, Beto ou Pai. Foi na cidade de Propriá, pela manhã, que recebi a notícia de seu filho, Nairan, que Mário tinha falecido. Registro, aqui, na página do Scacorum Ludus, nossas condolências e enfatizar o grande prazer e respeito que o Mestre Mário tinha para com o xadrez sergipano e propriaense.
 De Propriá, muitos jovens tiveram acesso à nobre arte, alguns tantos do Joana de Freitas, Escola em que o Mário lecionava, e tantos outros que aprenderam pela amizade que o círculo permitia unida à curiosidade de um jogo tão exótico. Ao se envolver com as Alagoas, as cidades de Porto Real de Colégio e de Penedo foram envolvidas pelo círculo, pra não dizer que a sua iniciativa também criou laços afetivos e enxadrísticos com Maceió, cujos enxadristas o respeitaram e o consideraram como um propagador do xadrez também naquelas terras. Incansavelmente, outras terras também conheceram o Beto, Juazeiro do Norte, lá no Ceará, onde combinavam vários elementos do Prof. Mário: o Historiador, o tema Padre Cícero era recorrente nas conversas com amigos e estudiosos; o Enxadrista, não era pra ser diferente, procurou e achou; e o Místico, Mário tinha um quê de religiosidade, seja a afro-brasileira, que se dizia filho de Ogum, ou católico popular, isso do messianismo, ou mesmo de outras correntes pouco ortodoxas, mas não menos místicas, como a astrologia.
Ainda de Propriá, e declarando uma “paixão mística” pelo jogo dos Reis, o Pai Mário nomeia a sua progenitora de Kaíssa, deusa protetora do Xadrez. Não menos místico é o nome de seu varão, Nairan, de origem sânscrita ou hindu.
Fora de Propriá, o Prof. Mário participava dos campeonatos, era uma pessoa de fácil trato e amizade, pois gostava ou provocava uma boa prosa. Fazia o possível para que seus “pupilos” pudessem participar dos torneios em Aracaju, principalmente, os que eram de participação escolar, como os Jogos da Primavera. Ele não poupava esforços, muitas vezes econômicos, para que os “meninos” pudessem participar dos eventos e pudessem conhecer novas pessoas, permitindo-lhes ter uma outra percepção e sensibilidade da vida através do jogo de xadrez.
Como dito num texto enviado pelo zap ao grupo Xadrez Sergipe, Deus lhe pague Mário, por existir.


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