Boa noite Enxadristas,
Eis mais uma matéria interessante do portal do Chessbase sobre o nome das aberturas índias: Ataque Indio de Rei (1. Cf3 - g3 - Bg2 - 0-0 - d3), Defesa India de Rei (1...Cf6 - g6 - Bg7 - d6 - 0-0), Defesa India de Dama (1...Cf6 - e6 - b6) e outras.
Tais informações, entendo, fazem parte do chamado repertório cultural do jogador. Não é uma forma de eruditismo, mas de entender porque as coisas são assim. Muitos já entendem que os movimentos iniciais dos peões brancos e negros integram vários nomes de aberturas: Espanhola, Italiana, Russa, Francesa, Siciliana, Gambito Budapest e assim vai. Mas qual a história por trás dos nomes?
Abaixo segue tradução e link do chessbase. Boa leitura a todos!
https://es.chessbase.com/post/origen-defensas-indias
Eis mais uma matéria interessante do portal do Chessbase sobre o nome das aberturas índias: Ataque Indio de Rei (1. Cf3 - g3 - Bg2 - 0-0 - d3), Defesa India de Rei (1...Cf6 - g6 - Bg7 - d6 - 0-0), Defesa India de Dama (1...Cf6 - e6 - b6) e outras.
Tais informações, entendo, fazem parte do chamado repertório cultural do jogador. Não é uma forma de eruditismo, mas de entender porque as coisas são assim. Muitos já entendem que os movimentos iniciais dos peões brancos e negros integram vários nomes de aberturas: Espanhola, Italiana, Russa, Francesa, Siciliana, Gambito Budapest e assim vai. Mas qual a história por trás dos nomes?
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https://es.chessbase.com/post/origen-defensas-indias
29/06/2018 – Por que as aberturas índias são denominadas “índias”? Conrad Schormann tratou de encontrar a resposta e a descobriu no Mega Database de Chessbase. A busca retomou um choque entre a teoria clássica e a teoria hipermoderna na Índia Antiga.
Hipermodernos vs Clássicos
Terminada a Primeira Guerra Mundial, quando se silenciaram as armas na Europa, momentaneamente, iniciou uma revolução no xadrez. Os “Hipermodernos”, liderados por Richard Reti e Aron Nimzowitsh, se rebeleram contra o ensino (supostamente) rígido de Steinitz e Tarrasch.
Governar em vez de conquistar
Estes jovens rebeldes usaram distintas armas às de seus grandes predecessores para lutar pelo centro. A teoria clássica postulava que é necessário ocupar o centro com os peões durante a abertura. Agora, Reti e Nimzowitsh convidavam seus oponentes a criar massivas estruturas de peões, as quais seriam logo atacadas, com os bispos fianquetados como mote principal.
“Governar em vez de conquistar” era a bandeira principal dos revolucionários. É aqui que, na década de 1920, uma classe dominante nova de aberturas foi criada, a formada pelas “Defesas Índias”, que se baseavam nas ideias dos hipermodernos.
Se querem saber como as aberturas foram desenvolvidas, a Mega Database de Chessbase oferece uma impressionante fonte de informação. Colocamos a posição chave no tabuleiro, damos clic sobre “Ano” e vemos quem jogou esta posição pela primeira vez.
Isto também revela que o futuro campeão mundial do mundo Alekhine, em seus anos moços, se sentiu atraído pela ideias hipermodernas. Alekhine jogou a Defesa Nimzo-Índia antes que o mesmo Nimzowitsch (e muito antes de que esse nome lhe seja atribuído). Além disso, Alekhine teve a Defesa Grunfeld no tabuleiro antes de que o austríaco fosse premiado com o nome graças às grandes atribuições que fez à “sua” abertura.
Um pouco depois, Alekhine criou sua própria abertura hipermoderna, a Defesa Alekhine, caracterizada por 1. e4 Cf6, que convida às brancas a perseguir ao cavalo negro enquanto ocupam o centro com os peões. Um dos grandes partidários desta defesa foi nada menos que Ernst Grunfeld.
Porém, quem são Cochrane e Bonnerjee? Despois de tudo, aparecem no mais alto de ambas as listas. Comparados com estes dois, os hipermodernos já não parecem tão velhos. Em suas partidas em Calcutá, estes dois cavaleiros alcançaram as posições básicas de todas as Defesas Índias quase setenta anos antes que os hipermodernos.
John Cochrane (1798 – 1878) foi um mestre de xadrez escocês e um advogado de profissão. Cochrane passou décadas de sua vida na Índia e fundou o clube local em Calcutá. Suas composições de problemas seguem tendo impacto o dia de hoje.
A Abertura Escocesa e o Gambito Cochrane (1. e4 e5 2. Cf3 Cf6 3. Cxe5 d6 4. Cxf7) – que além de ilustrar esplendidamente o estilo de jogo de seu criador – lhe devem seu nome a John Cochrane. Cochrane era um homem de sua época e não tinha medo na hora de sacrificar material para atacar a rei inimigo. Por certo, a Defesa Cochrane não é uma abertura, mas o método que se usa para igualar um final de torre e bispo.
Durante muito tempo, Cochrane foi o segundo melhor enxadrista britânico, atrás de seu ex-aluno Howard Stauton. O escocês, portanto, estava permanentemente buscando oponentes na Índia que puderam lhe fazer frente. Em 1848, Cochrane finalmente encontrou a um brama de um povo próximo a Calcutá que supostamente nunca perdido uma partida de xadrez: Moheschunder Bonnerjee.
O avanço duplo do peão: algo desconhecido na Índia
Cochrane foi ao encontro de Bonnerjee e, nos próximos anos, jogou centenas de partidas contra ele. A maioria destas foram preservadas graças ao fato de que Cochrane diligentemente as anotava e se encarregava de que aparecessem em publicações britânicas. Bonnerjee – que ganhou aproximadamente um terço das partidas decisivas que jogaram - , Cochrane encontrou um oponente digno de sua força na Índia. Isto apesar de que Bonnerjee jogava com uma importante desvantagem: suas partidas contra Cochrane se realizavam usavam as regras europeias (que seguem em uso até hoje em dia), apesar de que ao longo da vida havia usado as normas que regiam na Índia. As regras diferenciavam em um detalhe crucial: o avanço duplo do peão desde sua posição inicial não era permitido na Índia.
Portanto, os jogadores indianos usavam configurações totalmente distintas às dos europeus. Enquanto os mestres europeus primeiro ocupavam o centro com seus peões, os fianquetos já eram populares na Índia antes que Nimzowitsch, Grunfeld ou Reti sequer tivessem nascido. Jogar ...d6, ...g6 e ...Bg7 com negras simplesmente parecia natural para um mestre de xadrez indiano do século XIX. Passaram-se cem anos antes de que estas configurações se popularizassem na Europa.
Em suas partidas contra Cochrane, Bonnerjee, que não estava acostumado a fazer o passo duplo com seus peões, costumava escolher configurações que lhe eram familiares. Isto derivou em um choque entre as filosofias “clássicas” e “hipermodernas” muito antes de Steinitz fundar a teoria clássica, algo inclusive mais distante no tempo em respeito às provocativas propostas dos jovens mestres do século XX.
Essa é razão pela qual encontramos frequentemente partidas entre Cochrane e Bonnerjee como as primeiras nas quais se usaram os sistemas “índios” nas aberturas. No Ataque dos Quatro Peão da Defesa Índia de Rei, os dois sustentavam um debate particularmente encarniçado. Cochrane desenvolvia seu jogo de acordo com seus princípios, erigindo rapidamente uma enorme falange de peões, a qual Bonnerjee tratava de debilitar. De vez em quando, Bonnerjee decidia avançar seus peões duas casas e, de repente, uma Grunfeld se apresentava no tabuleiro. Ou uma Petrov. O Gambito Cochrane também surgem em um match entre o advogado escocês e o brama da Índia Ocidental.
Quando
os hipermodernos entraram em cena na década de 1920, o mestre Austro-polaco
Savielly Tartakower lembrou ter visto os delineamentos das configurações
hipermodernas em velhas partidas entre Cochrane e Bonnergerje.
Tartakower
(na imagem da direita) propôs shamar “íjias a estas novas aberturas, par assim
reiverenciar as velhas partidas de braman se apoiou no mundo do xadrez. E o
nome manteve no muno xadrez.