Prezados enxadristas
universitários e comunidades,
Segue um artigo interessante do
ponto de vista histórico e esportivo do nosso jogo, relatando como se comportam
os torneios em face de sua força.
A tradução foi feita do es.chessbase.com e é pertinente no sentido da aquisição cultural de certas
práticas que parecem ser exclusivas a quem está no meio delas. Contudo, ao
grande público muito é restrito e pouco saliente, assim, para efeito de ajudar
na propagação da boa informação, ei-la.
Que a força esteja com todos e
boa leitura!
Fábio da
Rocha
Presidente
do Clube de Xadrez Scacorum Ludus
25/09/2020
- Fatos e acontecimentos, ao lado de seus heróis e feitos, marcaram épocas
distintas, impregnando-os da peculiaridade de sua respectiva marca pessoal,
porém, todos eles seguindo as mais diversas tonalidades, se encarregaram de propiciar
e potenciar a grande mudança qualitativa experimentada pelo xadrez, abandonando
os caprichos do acaso e os caprichos do mero jogo de salão, para se tornar, em
virtude de sua essência e força intrínseca, um esporte moderno e rei dos
jogos. Artigo de Romelio Milián González; Foto: John Saunders e tradução
de Fábio da Rocha. (
O enorme número de competições realizadas de 1851 a dezembro de 2019 é avassalador, mas apenas 747 delas conseguiram alistar jogadores de xadrez de elite em suas fileiras, alcançando assim uma categoria superior, utilizando as mais variadas variantes de torneios. Assim, mais uma das muitas arestas do jogo da ciência fica exposta aos nossos olhos e quando olhamos por esta janela curiosa para o exterior, podemos ser testemunhas excepcionais das sutilezas e espetacularidade do fantástico mundo dos super torneios.
Nos
anais enxadrísticos repousa a memória viva do jogo nobre e com ela toda a
história deslumbrante e rica do seu surgimento, onde a lenda desempenhou um
papel inédito, em total cumplicidade com a profundidade dos séculos, ainda
reservando incógnitas que o fazem vacilar para a certeza em relação ao
conhecimento exato de seus primeiros passos. No entanto, sobre a sua
evolução posterior são abundantes os detalhes que nos permitem refazer, passo a
passo, o seu desenvolvimento histórico, tendo completado o seu primeiro
sesquicentenário de existência e passando também pelas suas três primeiras
décadas no século XXI.
O que é um super torneio?
Pesquisar
em qualquer uma das magníficas enciclopédias onde o conhecimento universal
sobre o nome do jogo é precioso, não haveria sucesso, pois não encontraríamos
uma definição ou pelo menos uma tentativa capaz de responder à nossa pergunta.
Por este motivo, a sua conceituação é necessária e para isso utilizamos o
sistema elo, com as suas inúmeras vantagens e inúmeras desvantagens.
Este
instrumento estatístico, que também pode ser aplicado em outras modalidades
esportivas, foi oficialmente homologado pela FIDE no Congresso de Siegen, em
1970. Um estudo detalhado sobre sua aplicação em diferentes épocas traz
resultados de grande interesse, mas uma constante está claramente evidenciada,
todos os jogadores pertencentes à vanguarda invariavelmente, pelo menos em
algum momento de suas respectivas carreiras, alcançaram 2600 ou mais em seu
rating pessoal. Se fizermos uma busca dos principais enxadristas da década de
1970/1979, ficaremos surpresos em saber que a cifra de 18 jogadores (em 1974)
nunca foi superada com esse algarismo, porém, até então, Bobby Fischer tinha
conseguido ser o primeiro a ultrapassar a marca de 2700. Depois, a partir de
1974, iniciou-se um lento, mas sustentado assalto de 15 Grandes Mestres que
fizeram méritos suficientes para serem incluídos no Clube dos 2700, entre eles,
que chegariam, nos respectivos momentos, para se tornarem inquilinos reais,
Karpov, Tahl, Kasparov (ele estava feliz, pois conseguiu ultrapassar a barreira
de 2800 em 1990), Anand, Kramnik e Topalov. No entanto, nas seguintes décadas apreciou-se
um significativo incremento no número de enxadristas que tinham ultrapassado a
marca dos 2600, para adquirir sua carteira de membro na elite do mundo enxadrístico
e que continuavam avançando com grande ambição para ultrapassar os 2700 e
sonhar com os 2800, sem dúvida, uma carreira incrível, onde muitos foram os
candidatos, mas poucos foram escolhidos.
Ao
fazer um tour histórico pelas listas Elo, vemos que apenas 123 jogadores de
xadrez, de Enmanuel Lasker (1897) a Kiril Alekseenko (2019), conseguiram
ultrapassar 2700, enquanto os 2800 só conseguiram ultrapassar 13. É fácil
entender que ao redor de 250 jogadores tenham conseguido adquirir, em algum
momento de suas carreiras esportivas, os 2600 ou mais.
Ora,
na minha opinião, um super torneio é qualquer evento em que 3 ou mais jogadores
se enfrentam e a média de seus respectivos Elo varia entre 2576 e 2600,
portanto, este conceito será aplicável em todas as competições que se
classificam como CAT XIV em diante.
A
título de curiosidade, apresento-lhes a TABELA I, onde podem ver os primeiros
torneios realizados na história do jogo ciência, de acordo com as respectivas
categorias. O primeiro desses clássicos foi realizado no final do século
19 em São Petersburgo 1895/6 e atingiu a CAT XV, de acordo com a escala do Elo. Desde
então e até o final de 2019, foram realizados 747 eventos dessa natureza em
todo o planeta.
A
TABELA II é um convite para observar a evolução lenta, mas sustentada, pela
qual os super torneios tiveram que passar para aumentar sua força
historicamente. Porém, através da sua leitura, ficam evidentes aspectos
cujas arestas são interessantes e curiosas, vejamos:
•
O xadrez moderno, ao atingir seu centenário de vida, só conseguiu realizar 13
eventos com CAT XIV ou mais.
•
Em seu primeiro torneio do sesquicentenário, o xadrez conseguiu aumentar o
número para 268, mas durante a última década do século 20, 170 torneios foram
realizados, mas ou mais impressionante aqui acabou sendo que, entre 1991/2000,
eles foram disputados pela primeira vez de CAT XVIII a XXI, graças ao qual esta
década é considerada o "Big Bang" nos anais do jogo nobre.
•
A primeira década do século 21 apresentou um aumento significativo no número de
super torneios realizados, basta observar que foram contabilizados 228 deles e,
pela primeira vez, o mundo assistiu a um torneio com o CAT XXII.
•
El lustro 2011/2015 também foi produzido na realização destes certames extraclasse
ao contar com 146. Aqui o anedótico e curioso, ocorreu por conta da atividade
realizada pelos organizadores em 2014, quando foram realizados 31 destes
eventos, a maior cifra jamais alcançada. Contudo há mais, nesse mesmo ano se realizariam
torneios que visitaram todas as categorias reconhecidas pela FIDE, da XIV até a
XXIII, esta última fazendo sua estreia em Saint Louis e Zurich respectivamente.
•
Para conseguir aumentos na categoria de torneios, os organizadores deram
prioridade à formação de escalações com poucos jogadores, sempre de elite, que
terão de se enfrentar, pelo menos, duas vezes. Chegaram até a adotar a
alternativa de convidar um número ímpar de jogadores, garantindo dias de folga
adicionais e conseguindo encurtar a duração do torneio.
É possível conseguir normas de GM nesses eventos?
Embora
pareça paradoxal, a resposta é um retumbante sim, mas a conquista dela
pressupõe a ocorrência de vários fatores, entre estes o de que o aspirante à
sigla GM nem sempre tem acesso para jogar em um super torneio, bem porque o Elo
baixaria a média do mesmo ou que não foi convidado por não ser cidadão do país
organizador. Depois de cumprir estes "procedimentos", fica ainda
mais difícil para o enxadrista, jogar bem!
Antes
de 1970, quando a FIDE ainda não havia adotado o Elo para outorgar títulos de
acordo com a categoria dos torneios, apenas Aivar Gipslis havia obtido seu
pergaminho em um super torneio, aquele realizado em Moscou/67 (CAT XIV), onde ocorreu
uma fantástica luta, ao concluir invicto com 10 pontos em 17, empatando as
posições do 2º ao 5º lugar.
Parece
existir uma predileção especial dos MIs para se desempenharem bem em torneios
da CAT XIV e alcançar normas de GM, como ocorreu nos casos de Vladimir
Tukmakov, (exURSS) en Moscú/71; Oliver Renet (FRA) em Clermont-Ferrand/89;
Vladimir Epishin (ex URSS) en el 57 Ch.URSS Leningrado/90; Gerard Hertneck
(GER) em Munique/91; Vladimir Kramnik (RUS) e Igor Jenkin (ISR) no 3er
Chalkidiki/92; Friso Nijboer (HOL) em Groninga/92; Peter Leko (HUN) 56 Wijk aan
Zee/94; Alexander Morozevich (RUS) em Alushta/94; Andrei Volokitin (UKR) em
Portoroz/01; Ding Liren (CHN) en Ch.China/09; Diego Alsina (ARG) em Barcelona/09;
Jean-Francois Jolly (FRA) em 91th Ch.Francia/16 e Haik M.Martirosyan (ARM) em
77th Ch.Armenia/17.
Como
casos significativamente destacados e que saem dessa categoria para ganhar as
normas, estão o russo Marat Makarov em Novosibirsk/95, o francês Etienne Bacrot
em Enghien les Bains/99 e o armênio Manuel Petrosian no lago Sevan/17, todos
eles na CAT XV. É interessante destacar as ações dos espanhóis Miguel
Illescas e Pablo San Segundo, que foram honrosas exceções à regra. Miguel
alcançou sua primeira norma em Linares/88, que alcançou a CAT XV, enquanto
Pablo alcançou seu feito na Comunidad de Madrid/95, evento CAT XVI, obtendo em
ambos os casos 50% dos pontos em disputa.
Muitos ou poucos jogos com vitória?
Os
torneios de alto nível costumam ser aplaudidos ou criticados por fãs, tanto os
amantes de café quanto aqueles com conhecimento mais sólido. Aqueles que se
opõem, o fazem pelo número alarmante de empates que ocorrem neles. Basta notar
aqui que quando se fala de elite, onde a correlação de forças entre os
competidores e seu coeficiente de elo é muito homogênea, seria de se esperar
resultados tendendo à nulidade, porém, nem sempre se obtém grande número de
empates. Como era de se esperar, pois sempre, a engenhosidade humana consegue
cumprir a certeza do provérbio popular ao decidir “que não há regra sem
exceção”.
Um
estudo estatístico desses 747 eventos nos fornece resultados de grande
interesse, que podem ser vistos na tabela III. Uma breve análise nos mostra os
quão equivocados estão aqueles que pensam e falam contra os super torneios por
considerá-los enfadonhos e onde o número alarmante de empates atrapalhe o
interesse, tanto dos especialistas como dos fãs. Isso é, sem dúvida, um
sofisma. Quando analisamos os resultados globais nos eventos que militam entre
as categorias XIV e XVII, pode-se perceber, em todos os casos, que os índices
de jogos definidos ultrapassam, em muito, 50% de eficácia em jogos definidos.
Ainda no XVII, a maior eficácia foi alcançada com 58,7%, já que 47 dos 80
eventos ultrapassaram 45% dos jogos definidos. Agora, quando analisamos as lides
das categorias XVIII a XXII, apreciamos valores percentuais que estão bem
distantes da média e tornam-se significativamente baixos, principalmente nas
categorias XXI e XXII. Por exemplo, se analisarmos o período 2015/2019, as
últimas 23 competições realizadas com essas categorias, nenhuma delas sequer,
chegaram perto de 40% dos jogos definidos.
É
válido lembrar que, durante o século XX, o máximo e o mínimo nos super clássicos
mostraram uma preferência marcante pela CAT XV, já que em Naumheim-Stuttgart/37,
Max Euwe venceu com 4 pontos em 6 possíveis, mas dos 12 jogos disputados 10
delas terminaram em vitórias, para respeitáveis 83,3%;
entretanto, o reverso da medalha ocorreu em Ter Apel/94, quando 13 dos 15 jogos
terminaram com divisão
do ponto e péssimos
13,3% de jogos com vencedor. Aqui Rustam Dautov ocupou o lugar de honra. Mas
tem mais, já que neste século houve um CAT XVIII, em Dortmund/04, onde seus 12
jogos terminaram empatados. Até agora, a categoria mais alta alcançada em
torneios tem sido a XXIII, conquistada em 2014, no II Sinquefield Cup em Saint
Louis (EUA) e no Zurich CC Classical (SUI), mas o impressionante aqui foi o
fato de que no clássico americano foram 46,7%, graças ao fato de que dos 30
jogos realizados, 14 tiveram um vencedor, enquanto no evento europeu, 53,3% foi
conquistado, com 8 vencedores sendo proclamados nas 15 partidas realizadas.
Ao
entrar no mundo dos super torneios, devemos considerar que a força de seus
integrantes é alta e homogênea, por isso, obter um desequilíbrio nos jogos,
suficiente para alcançar a vitória, é muito difícil, por isso, que se dos 20
jogos realizados nesses clássicos, pelo menos 9 tivessem vencedor, ou seja, 45%
das definições, poderíamos considerar que foi alcançado um resultado altamente
positivo.
Qual foi o mais forte de todos?
O
leque de possibilidades para formar um torneio de elite apresenta um amplo
espectro, onde o número de participantes e o número de jogos entre eles
desempenham um papel determinante. É por isso que decidir o veredicto
"mais forte" é extremamente delicado e extremamente difícil. Só
a adoção de uma filosofia aberta e com grande dose de flexibilidade nos
permitirá estabelecer os nexos necessários.
Como
se pode observar na tabela II, a grande maioria dos super torneios até 2000
estavam classificados entre as categorias XIV a XVIII, 255 no total, mas
durante a década de despedida do século XX, foram realizadas 13 competições que
estão incluídas entre categorias XIX e XXI respectivamente.
Na
TABELA IV, você pode ver os 20 super torneios mais fortes de todos os tempos de
acordo com seu Elo médio descendente, mas o curioso é que não aparecem eventos
realizados no século 20, nem, já neste século, os realizados entre 2001 e 2009.
Não é mera coincidência que 2 dos 5 primeiros eventos mais fortes de todos os
tempos, tenham ocorrido entre poucos jogadores com rodada dupla, fórmula esta
muito útil para este mundo de categorias estelares, um aspecto que favorece a
concentração de forças de forma otimizada. Provavelmente, se insiste em
utilizar esta alternativa e graças ao número crescente de jogadores que
conseguem ultrapassar com sucesso a invejável cifra dos 2700 e, embora
contados, já existem aqueles que perseguem os militares no seleto Clube dos
2800, então, espere, talvez antes de concluir o primeiro quartel do século XXI,
um torneio da categoria XXIV !!.
A
meu ver, os torneios com 10 ou mais jogadores merecem uma atenção especial,
pois uma breve reflexão permitiria entrar em contato com as enormes armadilhas
e dificuldades de todo o tipo que os organizadores têm de ultrapassar para
reunir uma verdadeira constelação de estrelas, conseguindo, além disso, uma
média Elo extremamente alta. Por exemplo, deve-se destacar que CAT XXII inclui os
realizados em Stavanger (NOR) em 2015 e 2019; Sinquefield Cup (EUA) em 2015,
2017 e 2019; Zagreb (CRO) em 2019 e Londres (ENG) 2015 e 2016, todas com uma
dezena de enxadristas.
Se
mergulharmos um pouco na história, lembraremos da excelente atuação de Karpov no
XII Ciudad de Linares 1994, onde se reuniram as principais celebridades do
mundo, atingindo a inusitada cifra de 63,7% no índice de jogos definidos e onde
Anatoli conseguiu estabelecer um recorde sensacional para estes campeonatos CAT
XVIII, obtendo uma rating de desempenho (performance) de 2977. Também aqui se
produziu uma marca de difícil acesso, quando Karpov alcançou a pontuação
perfeita nas primeiras 6 rodadas. No reverso da medalha de “Tolia”, se
apresenta com a marca mais adversa de derrotas sucessivas no mundo dos super
torneios, que pertence ao islandês Johann Hjartarsson com 10, estas ocorreram
nas últimas 6 rodadas do VII Ciudad de Linares e nas 4 primeiras do Memorial
Euwe em Amsterdã, ambos com nível do CAT XVI e realizados em 1989.
Seria
imperdoável não ecoar aqui a magnífica atuação de Veselin Topalov ao se
proclamar campeão mundial em San Luis Argentina 2005, quando marcou 6,5 pontos
nas primeiras 7 rodadas (empatado na segunda contra Anand) e o fantástico
trabalho de Fabiano Caruana no II Sinquenfield (EUA), quando de 27 de agosto a
3 de setembro de 2014, conseguiu somar sete vitórias consecutivas, nada mais e
nada menos, do que no segundo clássico mais forte de todos os tempos.
Quem ganhou mais super torneios?
Já
se sabe que os eventos estelares alcançaram grande notoriedade a partir dos
anos 80, porém sua explosão espetacular ocorreu nos anos 90. Agora, com o
advento do século 21, esse fenômeno atingiu patamares insuspeitos, como era de
se esperar.
Apresento
a vocês a TABELA V onde relato o avatar dos campeões mundiais em suas
intervenções nesses grandes clássicos. Isso porque, com senso de justiça,
cada monarca dominou uma época inteira, demonstrando ser pelo menos o primeiro
entre seus iguais. Claro, especialistas ou não, concordamos que nenhuma
regra pode se orgulhar de não ter exceção.
Dos
20 reis de sempre, apenas a trilogia formada por Wilheim Steinitz, Alexander
Alekhine e Robert Fischer, nunca alcançou qualquer unanimidade nestes eventos,
embora para ser honesto, suas participações foram muito raras.
Quanto
à frequência de vitórias em eventos extraclasse com base em suas intervenções,
as conquistas de Kasparov são impressionantes e espetaculares, que alcançou uma
vitória a cada 1,28 torneios e venceu 78% dos 50 torneios que disputou. Também para
recordar foi a atuação de Enmanuel Lasker, já que ganhava um torneio a cada
1,33, embora participasse apenas em quatro deles. Esta troika original é
encerrada pelo atual soberano do xadrez mundial Magnus Carlsen, que até
dezembro de 2019 tinha vencido em todos os torneios de 1,83 que participou, ou
seja, triunfou em 54,7% dos 75 eventos que disputou.
Carlsen,
um verdadeiro filho do seu tempo, já participou em 40 super torneios
correspondentes às categorias XXI a XXIII, vencendo 23 deles, o suficiente para
uma eficiência de 57,5%. Outra forma de interpretar esses resultados seria
ver como nos de categoria XXI e XXIII ele conquistou a vitória em 50% dos
casos, enquanto na XXII está em 63,6%. Com base na sua juventude e proverbial
força do jogo, é de se esperar que em um futuro muito próximo ele seja capaz de
igualar e até mesmo superar o mítico “Ogro de Baku”.
Kasparov
tem a melhor frequência de vitórias em super torneios. Carlsen, por
enquanto, está no encalço dele.
É
compreensível considerar que o xadrez, como o cinema, tem um "sistema
estelar" que coexistiu com todos os monarcas que reinaram e que
conseguiram triunfar em eventos de alto nível.
O
GM soviético Leonid Stein (1934/1973) participou apenas de três eventos CAT
XIV, dois deles realizados em Moscou 1967 e 1971 e em Los Angeles 1968, porém teve
o imenso privilégio de obter ou dividir o primeiro lugar em todos eles. Outros
da "velha guarda" que se destacaram nesta categoria, como vencedores
consistentes, foram o armênio Rafael Vaganian e o russo Eugeni Bareev.
Entre
os jogadores "históricos" e que foram vencedores reiterados em
partidas do CAT XV estão Alexander Beliavsky e Jan Timman. Já nas CAT XVI e
XVII, o ucraniano Vasili Ivanchuk tem se destacado como conquistador das
primeiras colocações. Os CAT XVIII e XIX têm seu charme e nos causa admiração lembrar
que nos dois primeiros com CAT XVIII, Reggio Emilia e Moscou, ambos em 1992, o
ex-campeão mundial Vishy Anand triunfou, enquanto no CAT XIX, Dos Hermanas e
Novgorod Tanto em 1996, o então jovem Veselin Topalov, atualmente ex-rei do
mundo, venceria. Já no século XXI, o francês Maxime Vachier-Lagrave mostrava
uma predileção singular por jogar na bela cidade suíça de Biel, em seus
torneios da categoria XIX, onde venceria de forma justa nas edições
correspondentes a 2009, 2013, 2014 e 2015 .
Após
boa parte deste século, observa-se que algumas das competições mais poderosas
nem sempre são conquistadas pelo monarca ou por quem foi inquilino da casa
real, mas por jovens gladiadores, que, com coragem e valentia, buscam a coroa
mundial, graças a isso eles realizaram seu sonho de tocar a fama com as mãos.
Entre todos eles se destacam um trio formado por Sergei Karjakin (6 triunfos em
eventos da categoria XX a XXII); Levon Aronian (12 vitórias em categorias
semelhantes) e Fabiano Caruana, que conseguiu vencer 9 partidas entre as
categorias XX a XXIII.
Curiosamente,
entre os jogadores que constituíram o firmamento do xadrez dos anos 60 e 70, o
dinamarquês GM Bent Larsen, que apesar de reconhecido vencedor em torneios
internacionais nunca conseguiu a vitória em 18 que participou, ganhou o recorde
nada invejável de terminar no porão em 6 deles.
Romelio
Milián González, 24 de setembro de 2020
TABELA I
OS PRIMEIRO SUPER TORNEIOS SEGUNDO SUAS CATEGORIAS
CAT |
ELO |
TORNEO |
1 LUGAR |
2 LUGAR |
3 LUGAR |
% (1-0) |
XIV |
2597,5 |
Berlín(Kierkav-Palast) IX-X/1918 GER |
Em.Lasker |
Rubinstein |
Schlechter |
5/12 41,7 |
XV |
2615 |
San Petersburgo XII-I/1895-6 RUS |
Em.Lasker |
Steinitz |
Pillsbury |
25/36 69,4 |
XVI |
2628 |
San Petersburgo(final) V/1914 |
Em.Lasker |
Capablanca |
Aliojin |
15/20 75,0 |
XVII |
2658,1 |
A.V.R.O. Amstetrdam XI/1938 HOL |
Fine |
Keres |
Botvinnick |
24/56 42,9 |
XVIII |
2676 |
XXXIV Regio Emilia XII-I/1991-2 ITA |
Anand |
Gelfand |
Kasparov |
21/45 46,7 |
XIX |
2714,5 |
VIII Ciudad Dos Hermanas V-VI/1996 ESP |
Kramnik |
Topalov |
Anand |
20/45 44,4 |
XX |
2735,1 |
XVII Ciudad Linares II-III/1999 ESP |
Kasparov |
Kramnik |
Anand |
20/56 35,7 |
XXI |
2756,7 |
Gran Canaria XII/1996 ESP |
Kasparov |
Anand |
Kramnik |
11/30 36,7 |
XXII |
2788,7 |
Bilbao Masters X/2010 ESP |
Kramnik |
Anand |
Carlsen |
4/12 33,3 |
XXIII |
2800,8 |
Zurich Chess Classic I-II/2014 SUI |
Carlsen |
Aronian |
Caruana |
8/15 53,3 |
|
|
|
|
|
|
|
TABLA II CATEGORÍAS
AÑOS |
XIV |
XV |
XVI |
XVII |
XVIII |
XIX |
XX |
XXI |
XXII |
XXIII |
TOTAL |
1851/1900 |
- |
1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
1 |
1901/1950 |
4 |
4 |
2 |
2 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
12 |
1951/1970 |
2 |
6 |
2 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
10 |
1971/1980 |
8 |
8 |
1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
17 |
1981/1990 |
29 |
14 |
13 |
2 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
58 |
1991/2000 |
43 |
34 |
31 |
30 |
19 |
9 |
1 |
3 |
- |
- |
170 |
2001/2010 |
34 |
41 |
41 |
24 |
28 |
22 |
24 |
13 |
1 |
- |
228 |
2011/2015 |
20 |
22 |
9 |
13 |
15 |
17 |
18 |
16 |
14 |
2 |
146 |
2016/2020 |
19 |
10 |
16 |
9 |
13 |
6 |
9 |
10 |
13 |
- |
105 |
Totales |
159 |
140 |
115 |
80 |
75 |
54 |
52 |
42 |
28 |
2 |
747 |
Nota: no estão incluídos os resultados
de 2020, devido à situação universal pela covid-19.
TABELA III
O numerador representa a quantidade de
torneios com 45% ou mais de partidas concluídas com vitória. O denominador
significa a quantidade de torneios com essa categoria celebrados desde 1985 até
dezembro de 2019.
CATEGORÍA |
TORNEOS CON 45 % (1-0) |
PORCENTAJE |
XIV |
88/159 |
55,3 |
XV |
75/140 |
53,6 |
XVI |
63/115 |
54,8 |
XVII |
47/80 |
58,7 |
XVIII |
27/75 |
36,0 |
XIX |
19/54 |
35,2 |
XX |
17/52 |
32,7 |
XXI |
6/42 |
14,3 |
XXII |
4/28 |
14,3 |
XXIII |
2 / 2 |
100 |
TABELA IV – OS VINTE SUPER TORNEIOS MAIS FORTES ATÉ O MOMENTO. (SEGUNDO O ELO)
# |
AÑO |
TORNEO |
CAT |
ELO |
1ER LUGAR |
2DO LUGAR |
3ER LUGAR |
% (1-0) |
1 |
2014 |
II Sinquenfield Saint
Louis USA |
XXIII |
2801,67 |
Caruana |
Carlsen |
Topalov |
14/30 46,7 |
2 |
2014 |
Zurich CC
Classical
SUI |
XXIII |
2800,63 |
Carlsen |
Aronian |
Caruana |
8/15 53,33 |
3 |
2017 |
5th Norway Chess Stavanger NOR |
XXII |
2797,2 |
Aronian |
Nakamura |
Kramnik |
14/45 31.1 |
4 |
2013 |
I Sinquenfield Saint
Louis USA |
XXII |
2797 |
Carlsen |
Nakamura |
Aronian |
6/12 50,0 |
5 |
2015 |
III Sinquenfield Saint
Louis USA |
XXII |
2794,6 |
Aronian |
Giri |
Carlsen |
19/45 42,2 |
6 |
2018 |
6th Norway Chess Stavanger NOR |
XXII |
2790,5 |
Caruana |
Nakamura |
Anand |
11/42 26,2 |
7 |
2010 |
Bilbao
Masters
ESP |
XXII |
2788,75 |
Kramnik |
Anand |
Carlsen |
4/12 33,3 |
8 |
2017 |
5th Sinquefield Saint Louis USA |
XXII |
2787,8 |
Vachier-Lagrave |
Carlsen |
Anand |
17/45 37.8 |
9 |
2018 |
Candidatos FIDE Berlín GER |
XXII |
2786,6 |
Caruana |
Mamedyarov |
Karjakin |
20/56 35,7 |
10 |
2013 |
Candidatos
Londres
ENG |
XXII |
2786,5 |
Carlsen |
Kramnik |
Svidler |
25/66 44,6 |
11 |
2015 |
VII Grand Slam
Bilbao
ESP |
XXII |
2785,75 |
So Wesley |
Giri |
Anand |
2/12 16,7 |
12 |
2015 |
VII Londres Chess
Classic ENG |
XXII |
2785,4 |
Carlsen |
Giri |
V.Lagrave |
10/45 22,2 |
13 |
2016 |
VIII Londres Chess
Classic ENG |
XXII |
2785,2 |
So Wesley |
Caruana |
Kramnik |
15/45 33,3 |
14 |
2015 |
IV
Zurich
SUI |
XXII |
2784 |
Anand |
Nakamura |
Kramnik |
4/15 26,7 |
15 |
2019 |
7th Norway Chess Stavanger NOR |
XXII |
2783,8 |
Carlsen |
Ding Liren |
So Wesley |
11/45 24,4 |
16 |
2019 |
VII Sinquefield Saint Louis USA |
XXII |
2782,5 |
Ding Liren |
Carlsen |
Anand |
12/66 18,2 |
17 |
2015 |
III Norway Chess
Stavanger NOR |
XXII |
2781,9 |
Topalov |
Anand |
Nakamura |
20/45 44,4 |
18 |
2012 |
V Final Masters SaoPaulo/Bilbao BRA-ESP |
XXII |
2781,7 |
Carlsen |
Caruana |
Aronian |
10/30 33,3 |
19 |
2019 |
Croacia GCT Zagreb CRO |
XXII |
2781,7 |
Carlsen |
So Wesley |
Aronian |
19/66 28,8 |
20 |
2011 |
IV Final Masters Bilbao/Sao Paulo ESP-BRA |
XXII |
2780,2 |
Carlsen |
Ivanchuk |
Nakamura |
16/30 53,3 |
TABLA V – CAMPEÕES MUNDIAIS GANHADORES DE SUPER
TORNEIOS
NOTA: O NUMERADOR INDICA PRIMEIROS LUGARES
ALCANÇADOS; ENQUANTO QUE O DENOMINADOR REPRESENTA O NÚMERO DE TORNEIOS ONDE
PARTICIPOU.
NOMBRE |
XIV |
XV |
XVI |
XVII |
XVIII |
XIX |
XX |
XXI |
XXII |
XXIII |
TOTAL |
|
1 |
Wilheim Steinitz |
- |
0/1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
0/1 |
2 |
Enmanuel Lasker |
1/2 |
1/1 |
1/1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
3/4 |
3 |
José Raúl Capablanca |
1/2 |
1/1 |
0/1 |
0/1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
2/5 |
4 |
Alexander Aliojin |
0/1 |
0/2 |
0/1 |
0/1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
0/5 |
5 |
Max Euwe |
0/1 |
1/1 |
0/1 |
0/2 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
1/5 |
6 |
Mijail Botvinnick |
1/1 |
1/2 |
- |
1/2 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
3/5 |
7 |
Vasili Smislov |
0/11 |
1/5 |
1/2 |
0/1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
2/19 |
8 |
Mijail Tahl |
0/8 |
2/8 |
0/2 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
2/18 |
9 |
Tigran Petrosian |
0/5 |
2/7 |
1/2 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
3/14 |
10 |
Boris Spassky |
2/13 |
3/13 |
0/2 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
5/28 |
11 |
Robert J. Fischer |
- |
0/2 |
0/1 |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
- |
0/3 |
12 |
Anatoli Karpov |
15/19 |
9/16 |
10/17 |
0/10 |
4/14 |
0/3 |
- |
0/1 |
- |
- |
38/80 |
13 |
Gari Kasparov |
4/4 |
4/6 |
5/6 |
8/9 |
7/10 |
5/6 |
4/6 |
2/3 |
- |
- |
39/50 |
14 |
Alexander Jalifman |
2/6 |
2/10 |
1/7 |
0/5 |
0/3 |
- |
- |
0/1 |
- |
- |
5/32 |
15 |
Vladimir Kramnik |
2/2 |
- |
0/1 |
6/11 |
4/18 |
3/21 |
8/19 |
3/16 |
2/9 |
- |
28/97 |
16 |
Vishwanathan Anand |
0/1 |
1/1 |
1/3 |
4/9 |
7/17 |
7/14 |
1/16 |
5/18 |
3/21 |
- |
29/100 |
17 |
Ruslan Ponomariov |
- |
1/4 |
3/6 |
2/6 |
1/5 |
0/8 |
2/15 |
0/4 |
- |
- |
9/48 |
18 |
Rustam Kasindzhanov |
- |
1/1 |
3/7 |
0/2 |
0/2 |
0/4 |
0/5 |
0/4 |
- |
- |
4/25 |
19 |
Veselin Topalov |
2/2 |
2/3 |
0/3 |
3/10 |
4/13 |
5/15 |
5/13 |
5/20 |
1/7 |
0/1 |
27/87 |
20 |
Magnus Carlsen |
- |
1/2 |
0/2 |
1/2 |
2/3 |
7/9 |
7/17 |
8/16 |
14/22 |
1/2 |
41/75 |