Prezados Enxadristas Universitários e comunidades,
Mais um interessante artigo da Chessbase sobre
recordes enxadrísticos: maior número de vitórias, maior rating, maior sequência
invicto, o mais novo GM e maior número de derrotas consecutivas de jogador da
elite são algumas dessas curiosidades que serão revelados na leitura do artigo
de Romelio Milián González, colombiano, ensaísta
e escritor, além de colaborador assíduo de programas televisivos como o Xadrez
na Universiade.
Saudações Enxadrísticas,
Fábio
da Rocha
Presidente
do Clube de Xadrez Scacorum Ludus
24/10/2020 - De um modo geral, fãs e especialistas estão bastante impressionados com as performances esportivas que superam todas as do mesmo gênero já realizadas, alcançando a façanha de abrir um novo patamar. Conceitualmente, os recordes têm o encanto incomum da espetacularidade e, às vezes, nossas mentes oferecem tenaz resistência para aceitá-los, e mesmo diante da realidade avassaladora exclamamos de espanto, incrível, mas verdadeiro! | Na foto: Garry Kasparov (anunciando sua aposentadoria em Linares, 2005) | Foto: Nadja Wittmann (ChessBase) | tradução: Fábio da Rocha - https://es.chessbase.com/post/el-alucinante-mundo-de-los-supertorneos-por-romelio-milian-gonzalez
“Os recordes,
além de espetaculares, nos dá a possibilidade de ter uma ideia bastante próxima
em torno do tamanho da façanha "
Mas, sem dúvida,
este paradoxo em termos de recordes oferece-nos outra possibilidade interessante
que é associar o xadrez a uma nova faceta, onde com o seu trabalho quotidiano, além
de construir a sua história, consegue incorporar o curioso como elemento
adicional, e assume um importante papel de liderança.
Então, às três
dimensões estabelecidas para o xadrez, arte, ciência e esporte, poderíamos
incorporar uma quarta, a do espetáculo, já que suas atividades fluem com
vertiginosa imediatismo pelos diferentes meios de comunicação e,
principalmente, na Internet. O xadrez é uma disciplina que segue o aperfeiçoamento
das redes, sendo um ente ativo na sua transmissão e disseminação, podendo
verificar o seu desenvolvimento em tempo real nos diferentes confins do
planeta. Podemos constatar isso nestes tempos de pandemia Covid-19, onde o jogo
ciência não parou de se praticar um só momento, tanto presencial quanto online.
Provavelmente, um dos
recordes mais conhecidos no xadrez de todos os tempos foram os longos 27 anos
durante os quais Enmanuel Lasker reinou como monarca absoluto e,
paradoxalmente, de 1894 a 1921, ele jogou apenas 271 jogos em 10 torneios (ele
ganhou 80% deles!) e em 11 matchs. É justo afirmar que Lasker na etapa
indicada teve vários “intervalos” que totalizaram 16 anos, sem jogar qualquer
jogo.
Oito
anos sem perder nenhum jogo!
Esta é uma marca que
impressiona de forma singular e, de fato, é o caso ao lembrar que o terceiro
campeão mundial de xadrez, José Raúl Capablanca, estava desde 8 de fevereiro de
1916 em Nova York (O. Chajes 1 - Capablanca 0 Francesa 60), até 22 de março de
1924 em Nova York (R. Reti 1 - Capablanca 0 A15 31), sem perder nenhum dos 63
jogos que fez naquela época, obtendo o impressionante resultado de 81,7% de
efetividade (+ 40 = 23).
Agora, é inquestionável o
grande impacto que o recorde de Capablanca teve com base nos anos em que ele
permaneceu sem ter que dobrar seu monarca em qualquer jogo, mas em face do
aumento impressionante e desenfreado na atividade do xadrez planetário, logo ficou
claro, as enormes dificuldades que implicariam ser capaz de superar esse
resultado. (Mas caberia à vida introduzir suas modificações com inteligência
singular, pois embora pudesse encurtar a marca para um ano, o número de
vitórias conquistadas seria muito maior e o oitavo campeão mundial Mikhail Tahl
teve muito a ver com isso, que ficou invicto de 23 de outubro de 1973 (rodada
XV. Tahl 0 Petrosian 1, Caro-Kann 27, XLI Ct.URSS) até 21 de outubro de 1974
(rodada VI, Tahl 0 Kirov 1 Siciliana 37, Novi Sad), jogando 98 jogos com um
desempenho de 74% (+47 = 51), nos 9 eventos em que interveio e cujas categorias
variaram entre VII e XIII. Uma façanha de alcance significativo, conhecendo o
estilo arriscado e a forma de enfrentar a luta do "Mago de Riga”. Já em
pleno século 21, alguns grandes mestres conseguiram armar uma série de jogos de
sucesso sem ter que derrubar seu rei, entre eles, Sergei Tiviakov, com 110
(2004/2005), Bogdan Lalic 110 (2006/2007) e Ding. Liren com 101 (2017/2018).
É recente que o atual campeão
mundial Magnus Carlsen, mais uma vez foi notícia, ao estabelecer uma marca de
alto impacto, quando permaneceu invicto por 802 dias em 125 jogos (+ 41 = 84),
mas o que foi interessante aqui foi sua elevada performance de rating (P.R.) de
2805, o que mostra a grande categoria de seus rivais, cuja média era de 2688.
Essa façanha de Carlsen começou em 31 / 08 / 18 quando Mamedyarov o derrotou na
9ª rodada do 51º Festival de Biel em 57 lances de um E 65, até 10 / 10 / 20,
Duda conseguiu vencê-lo em 63 jogadas em uma Caro-Kann.
Com
golpes de audácia, a juventude prevalece
O xadrez magistral precisa
continuamente se envolver com transformações profundas que promovam seu
aprimoramento contínuo e para isso consta de uma fonte praticamente
inesgotável, o surgimento de novos e jovens rostos que anseiam alcançar o
reconhecimento e a fama como a cabeça visível das diferentes mudanças
geracionais para as quais pertencem, porque assim promovem o exercício de um
governo no qual, além de injetar vitalidade e renovação, promovem a emissão de
mudanças pertinentes. Para tanta sorte, apreciamos dois fenômenos que nos são
apresentados com muita frequência hoje, os grandes mestres do planeta ficam
mais jovens a cada dia e algo muito parecido acontece com aqueles que têm
acesso para reinar no Olimpo.
Acesso
ao pergaminho de Grande Mestre
Quando a FIDE decidiu, em 1950,
conceder títulos internacionais, ela inicialmente considerou a premiação de 27
pergaminhos de Grandes Mestres para jogadores com méritos comprovados na arena
internacional, sendo David Bronstein o mais jovem do mundo aos 26 anos. Mas em
1952, Tigran Petrosian conquistou o título após seu desempenho sensacional no
Interzonal de Estocolmo e Saltsjobaden na Suécia, com apenas 23 anos de idade.
A parada continua e, em 1955, Boris Spassky estava pronto para ganhar o título
com apenas 18 anos.
O tempo continua passando e,
em 1958, durante a celebração do Interzonal de Portoroz na Iugoslávia, Bobby
Fischer esmaga a marca de Spassky e aos 15 anos, 6 meses e um dia ele se torna
Grande Mestre. O recorde de Fischer tornou-se um dos mais longevos dos anais enxadrísticos,
até que Judit Polgar, em 20 de dezembro de 1991, trinta e três anos depois,
acedeu ao título de GM, sem distinção de sexo, aos 15 anos, 4 meses e 28 dias.
Onze anos depois, o ucraniano Sergei Karjakin alcançaria sua terceira norma GM
em Sudak em agosto de 2002, na época com 12 anos e 7 meses. Aliás, essa é a
marca que ainda hoje permanece inatingível, por enquanto.
Um
monarca com a idade de um príncipe
Os primeiros sete campeões
mundiais reconhecidos pela FIDE, com exceção de Emanuel Lasker, que o fez aos
26 anos, os demais passaram facilmente três décadas de vida antes de se
tornarem reis do planeta. É por isso que quando Mikhail Tahl, em 1960, na época
com 23 anos e 180 dias, conseguiu destronar Mikhail Botvinnick, os fãs mundiais
ficaram francamente impressionados com um resultado que, embora inesperado,
revolucionou o xadrez em seu momento.
Em 1975 e prestes a completar
24 anos, Anatoli Karpov assumiu a coroa mundial, ao declinar defender seu
título Bobby Fischer.
Garri Kasparov, com 22 anos e
210 dias, consegue vencer Karpov na partida pelo campeonato mundial de xadrez,
em 9 de novembro de 1985, tornando-se assim o campeão mais jovem da história do
xadrez.
No entanto, essa louvável marca
de Kasparov só prevaleceu por 17 anos, pois em 23 de janeiro de 2002, Ruslan
Ponomariov, de 18 anos e 104 dias, a estilhaçou, após vencer seu compatriota
Vasili Ivanchuk na final pela disputa do título cobiçado. Desse modo,
Ponomariov iniciaria um reinado onde praticamente fazia coincidir sua idade com
a de um príncipe.
Mais
vitórias consecutivas
A mais longa série de triunfos
obtidos de maneira sucessiva em partidas e torneios pertence ao primeiro
campeão mundial da história do xadrez, Wilheim Steinitz, quando de 1873 a 1882
conseguiu reunir 25 vitórias ininterruptas, como venceu seus últimos 14
compromissos em Viena 1873, dois ante Blackburne no play-off; sete contra o
próprio Blackburne em seu match de Londres, em 1876, e depois de conseguir duas
vitórias em Viena, em 1882, Mackenzie, com dois peões a menos, conseguiu
encontrar um salvador xeque-perpétuo.
Entre 1970 e 1971, Bobby
Fischer alcançou 19 vitórias consecutivas (não está incluído os jogos vs Panno no
Interzonal de Palma de Mallorca / 70), porém, este resultado extraordinário
atinge uma dimensão colossal se considerarmos que durante 1971 no torneio do
Candidacy venceu Larsen e Taimanov em seis ocasiões, respectivamente, e no
primeiro jogo contra Petrosian, obtendo assim 13 vitórias consecutivas contra
jogadores que superaram confortavelmente 2.600 pontos na escala Elo. Justo
aqui, é onde estabelece o resultado espetacular e isso nos dá uma ideia do
imenso feito conquistado.
O outro lado da moeda foi protagonizado
pelo GM islandês Johann Hjartarsson que, de 25 de fevereiro a 21 de março de
1989, viveu um dos mais surpreendentes "dias ruins" de um jogador de
elite, nos anais enxadrísticos, quando a partir da 5ª rodada de Linares -
descansou na 6ª - enfrentou Ljubojevic, Karpov, Portisch, Ivanchuk, Timman e
Short; até a 4ª rodada de Amsterdam, Salov, Short, Timman e Salov, tendo como
fator comum, a inclinação de seu monarca em todas elas.
O recorde de maior número de
vitórias consecutivas conquistadas em torneios ainda permanece incólume, feito
que pertence inteiramente a Garri Kasparov, pois de 1981 a 1990 obteve 15
primeiros lugares, em alguns casos compartilhados, mas o impressionante acaba
sendo 14 deles sendo jogados na categoria de super torneios!!. A lista completa
é mostrada abaixo: Campeonato USSR Frunze 1981, empatado com Psajis; Bugojno e
Interzonal de Moscou, ambos em 1982; Bruxelas 1986, Bruxelas SWIFT 1987,
empatado com Ljubojevic; Amsterdã, Copa do Mundo Belfort, Camp.URSS Moscou,
empatado com Karpov e Copa do Mundo Reyjavick, todas em 1988; Copa do Mundo de
Barcelona, empatada com Ljubojevic: Copa do Mundo Skelleftea, empatada com
Karpov, Tillburg e Belgrado, todas em 1989 e Linares em 1990.
Durante a XVII Olimpíada
Mundial de Xadrez, realizada em Havana 1966, Bobby Fischer conseguiu 15 pontos
em 17 possíveis, obtendo uma efetividade de 88,23% e com isso ganhou a medalha
de prata na defesa do primeiro tabuleiro dos Estados Unidos. Porém, ao atingir
um P.R. de 2822, ele se tornaria o primeiro jogador na história das Olimpíadas
a superar a invejável cifra de 2800. A propósito, essa marca permaneceu válida
até Thessaloniki 1988, quando Kasparov atingiu 2877.
O P.R. de Garri Kasparov,
durante seus 15 anos como monarca planetário, teve o maior impacto nos anais enxadrísticos,
desde dezembro de 1985 (match amistoso vs Timman), até novembro de 2000 (match
vs Kramnik). Em todo esse tempo ele teve uma eficácia de 68,1% (+280 = 338 -41,
válido por 449 pontos em 659), ante um Elo médio de seus rivais de 2.658, para
obter um P.R. de 2.791. Evento sem precedentes entre seus iguais para sempre.
Tabela de resultados VI
(resultados de Kasparov XII-85 / XI-00)
O
maior Elo já alcançado
Um dos eventos mais
competitivos da história do xadrez tem sido a luta para aumentar, cada vez
mais, o coeficiente pessoal dos enxadristas.
Uma verdadeira virada ocorreu
em 1972, quando Bobby Fischer atingiu um valor impensável para sua época, 2.785
pontos Elo, liderando por 125 pontos para sua guarda mais próxima, o então
campeão mundial Boris Spassky. Demorou vários anos para que Karpov e Kasparov acendessem
a sua associação no Clube dos 2700, até que Garri Kasparov, em 1999, conseguiu
estabelecer uma marca de alto nível, alcançando 2851 pontos em seu coeficiente
pessoal. Entramos em um novo século e pensava-se que esse recorde duraria muito
mais, porém, o norueguês Magnus Carlsen tinha outro ponto de vista e com seu
próprio discurso em 2013, primeiro ele ultrapassaria a marca de Kasparov em 10
unidades, e depois já estava em condições de fixar em 2882, o nível atual, que
está fora de dúvida, constitui uma cifra de sonho e que o jovem nórdico poderia
muito bem se dedicar a aumentar gradativamente.
Em muitas ocasiões, há
resultados que costumam nos impressionar de maneira contundente, porém, essas
marcas, apesar de serem francamente sensacionais, acabam por ser não oficiais e
não obtêm o reconhecimento e a validade por parte da comunidade enxadrística.
Muitos são os exemplos eloquentes, entre eles podemos destacar:
Paul Morphy, Bobby Fischer e
Garri Kasparov, nos séculos 19, 20 e 21, foram protagonistas de um evento
semelhante e extremamente inusitado, eles, no auge de suas carreiras esportivas,
decidiram parar de jogar xadrez! No caso de Morphy de 1869 a 1884, no caso de
Bobby de 1972 a 1992 e no caso de Kasparov de 2005 até os dias atuais.
Um dos fundamentos e que na
época era considerado um verdadeiro campeão sem coroa, o famoso Akiba
Rubinstein, possui uma façanha francamente difícil de igualar e praticamente impossível
de superar, já que, em seus primeiros encontros com os monarcas do mundo, Akiba
teve a imensa satisfação de derrotá-los, a saber: Lasker (São Petersburgo,
1909); Aliojin (Moscou, 1910); Capablanca (San Sebastián, 1911) e Euwe (Haia,
1921)). Sem dúvida, aqui o curioso, o anedótico e o recorde vêm juntos.
Sem dúvida, 2014 foi um ano
para recordar, onde ocorreram eventos relevantes no mundo do xadrez, mas o seu
significado e o que o tornaria famoso para a posteridade é que todas as
categorias foram realizadas naquele ano da 14 à 22 e os dois primeiros
supertorneios com CAT 23. Além disso, foi o ano em que se realizou o maior
número de supertorneios, com 31. É justo destacar que em 2009, foram realizados
35 eventos desta natureza, mas não foram realizados eventos com CAT 22 e 23
respectivamente.
Em Los Angeles 1968 (CAT 14)
realizou-se o desempate do torneio Interzonal de Susse 1967, onde participaram
três jogadores, mas, o curioso reside no fato de quem venceu este evento, não
conseguiu vencer nenhum jogo na luta. Desta forma, Samuel Reshevsky, passou à
Candidatura, empatando suas oito partidas, deixando Hort e Stein fora da briga
pelo título mundial, já que todos terminaram com 4 pontos nos 8 jogos
disputados.
O famoso Paul Keres, durante o
torneio de Candidatos da Iugoslávia de 1959, realizado em várias de suas
cidades, realizou uma façanha de quilates ao vencer 10 jogos e fazer 4 empates,
do total de jogos que disputou conduzindo...as negras!! !!.
Depois de defender com sucesso
sua coroa em 1966, Tigran Petrosian participou da II Copa Piatigorsky nos EUA,
onde obteve apenas 50% dos pontos disputados. Aqui, o GM dinamarquês Bent
Larsen o derrotou duas vezes, mas em uma delas, com um brilhante sacrifício de dama,
uma maneira incomum de derrotar um monarca reinante! Outra vantagem
interessante dos confrontos Petrosian-Larsen, nós apreciamos quando olhamos
para seus primeiros nove encontros (Portoroz 1958 para o evento de Santa Monica),
onde não houve empates e o soviético Petrosian venceu por 6 x 3.
Em Linares 1993, durante o
duelo entre dois “pesos pesados”, o condutor das brancas (Karpov) se encontrou,
à beira do lance 22 das pretas (Kasparov) em uma posição, onde todas as suas
peças estavam na primeira fila, uma ocorrência bastante incomum entre jogadores
que foram inquilinos reais. O desfecho dessa inesquecível surra, originou um
curioso incidente, quando Kasparov coroou seu peão c e não o substituiu por
outra peça, então ele, conhecido por seus elevados dotes histriônicos,
voltou-se para o público fazendo um gesto com as mãos e foi capturado com
maestria pelas lentes de Carlos Ximénez. Aliás, ele teve a grande alegria de
estar presente naquele jogo. (Fig. 1 Kasparov e sua curiosa pose de espanto)
Também o mundo do xadrez
apresenta resultados que impactam, e não exatamente por seus aspectos
positivos, mas sim por seu polo oposto. A este respeito, quero me referir a
três exemplos. Alekhine, apesar de ser um consistente vencedor de eventos, e
mesmo em muitos deles obteve vantagens avassaladoras sobre os seus rivais mais
próximos, nunca conseguiu chegar à sua inclusão no seleto "Círculo dos
2700". Fischer nunca teve a satisfação de vencer um super torneio (CAT 14
em diante), apesar de ter um excelente avatar em sua carreira esportiva. A performance
de rating é uma ajuda valiosa para entender completamente o resultado de um
jogador em um torneio específico. Todos nós ficamos fortemente surpresos com a
atuação memorável de Anatoli Karpov em Linares 1994, aliás, um torneio
extraordinário e muito forte, que com 11 pontos em 13 (84,6%) e um Elo médio de
seus adversários de 2.681, conseguiu um rating para aquele evento de 2977,
significativamente à frente do imenso Lasker que, na final de São Petersburgo,
em 1914, marcou 7 pontos em 8 (87,5%) contra rivais cujo Elo médio foi de 2606,
conseguindo um desempenho de 2942.
Perto de completar meio século
de existência, o maior P.R. já alcançado em torneios shuring ou round-robin
sobe com majestade incomum, para o qual Bobby Fischer alcançou a pontuação perfeita
em 11 jogos no Campeonato dos EUA,1963/64, obteria a cifra astronômica de 3138,
razão pela qual esse resultado se torna um dos registros mais duradouros do
xadrez.
Registros
para lembrar
José Raúl Capablanca nunca
perdeu nenhum jogo do torneio jogando com brancas a abertura Ruy López.
Judith Polgar é a maior
recordista feminina do planeta. Ela foi a enxadrista que, com a menor idade,
conseguiu acessar o título de MI sem distinção de sexo, quando tinha 12 anos e
um mês em 1989. Aos 15 anos, 4 meses e 28 dias alcançou o pergaminho de GM,
quebrando o recorde mais duradouro da segunda metade do século 20 que pertencia
a Bobby Fischer, cuja data era 33 anos, após ter conquistado seu título em
1958. Em janeiro de 2003, foi a primeira mulher em conseguir 2700. Em 2004, ela
está entre as dez primeiras na lista elo do mundo e em 2005 atinge seu maior
coeficiente com 2735. Nesse mesmo ano, ela participa do torneio de candidatos
FIDE em San Luis, Argentina.
Ruslan Ponomariov, da Ucrânia,
obteve sua última norma de GM em outubro de 1997 e tinha então 14 anos e 17
dias de idade, tornando-se assim o GM mais jovem do mundo e o mais jovem
campeão mundial da história em 2002, com 18 anos e 104 dias, ao vencer
Ivanchuk.
O acesso a campeão mundial de
xadrez pelo indiano Vishy Anand seguiu três caminhos muito diferentes, a saber,
usando o sistema FIDE KO e depois batendo Shirov na final, em 2000; vencendo os
Candidatos do México, em 2007, e a partida de unificação com Kramnik, em 2008.
(Fig. 2 Anand e o autor deste trabalho em Linares 2002).
Enmanuel Lasker tem o raro
privilégio de ter vencido três dos quatro super torneios em que participou,
Berlin 1918 (CAT 14); São Petersburgo 1895/6 (CAT 15) e São Petersburgo - final
- 1914 (CAT 16).
De 16 de abril a 1 de maio de
2013, quatro supertorneios de xadrez foram realizados simultaneamente em várias
partes do mundo, o Campeonato da China com CAT 15; o 48º Memorial Capablanca,
CAT 18; Memorial Alekhine, CAT 20 e o Grande Prêmio da FIDE, em Zug, CAT 21.
Acho que na atualidade, e
tendo em vista a consciência da tetradimensionalidade do xadrez, a FIDE pode e
deve considerar a possibilidade de criar um departamento oficial onde os dados
históricos e estatísticos do jogo ciência, bem como suas principais
curiosidades e anedotas, visto que isso constitui um elemento essencial para
recriar e concretizar a história do jogo nobre, claro, nisto julga ser um papel
fundamental de cada uma das federações nacionais filiadas.
Lembrança adicional da
redação de es.chessbase.com:
O dia em que Kasparov
se aposentou do xadrez profissional em Linares
A mãe de Kasparov, Klara
Shagenovna Kasparova estava presente na roda de imprensa e escutava seu filho
com os olhos cheios de lágrimas. “Participamos quase 30 anos de torneios”, disse,
“e essa foi a última vez”. Deu trabalho aos colegas e a Garry e também aos
jornalistas não se deixar levar pela emoção. Gravamos em vídeo a roda de
imprensa completa e a publicaremos em ChessBase Magazine.