Prezados/as Enxadristas e Comunidades,
Mais um artigo do Dr. Uvencio Blanco sobre o controle do doping
em esportes eletrônicos e quais similaridades há em relação com o xadrez.
Boa leitura a todos!
Que a força esteja conosco!
Fábio da Rocha
Presidente do Clube de Xadrez Scacorum Ludus
04/11/2020 - A Federação Internacional
de Xadrez (FIDE) promulgou em 2017 um regulamento antidopagem em permanente
atualização, em linha com as disposições da Agência Mundial Antidopagem
(WADA). Em seu artigo 16, relativo à “Incorporação das regras e obrigações
antidoping da FIDE e das federações nacionais”, publicou um relatório sobre o
assunto. Artigo do Dr. Uvencio Blanco. | Desenho: Nadja Wittmann
(ChessBase) | Tradução por Fábio da Rocha - https://es.chessbase.com/post/la-iniciativa-fide-articulo-por-uvencio-blanco
Federações internacionais de xadrez e e-sports comprometidas com a
luta contra o doping
·
Este regulamento instituído pela
FIDE é importante, pois unifica os critérios em conjunto com as suas federações
nacionais filiadas, no que diz respeito aos procedimentos da ação antidopagem e
suas consequências jurídicas, com os enxadristas que violam o referido
regulamento.
·
Um dos problemas que enfrentam as
ligas esportivas eletrônicas está relacionado à falta de pessoal médico
qualificado, especializado na prática do e-sports.
·
A política de drogas e álcool da
E-Sports League é precisa: proíbe estritamente os jogadores de estarem sob a
influência de drogas, álcool ou outras substâncias que possam melhorar o
desempenho durante um jogo.
"Todas as Federações
Nacionais e seus membros devem cumprir estas Regras Antidopagem. Todas as
Federações Nacionais e outros membros devem incluir em seus regulamentos as
disposições necessárias para garantir que a FIDE possa fazer cumprir estas
Regras Antidopagem diretamente contra jogadores sob sua jurisdição antidopagem
(incluindo jogadores de nível Nacional). Estas Regras Antidopagem também serão
incorporadas diretamente ou por referência às regras de cada Federação Nacional
para que a Federação Nacional possa aplicá-las diretamente contra jogadores sob
sua jurisdição antidopagem (incluindo jogadores de nível Nacional), médico ou
paramédico em uma competição ou atividade autorizada ou organizada por uma
Federação Nacional ou um de seus membros, as organizações concordam em se
submeter a estas Regras Antidopagem e se submeter à autoridade de gestão de
resultados da Organização Antidopagem responsável sob o Código como uma
condição para tal participação. ”.
Este regulamento
instituído pela FIDE é importante, pois unifica os critérios em conjunto com as
suas federações nacionais filiadas, no que diz respeito aos procedimentos da
ação antidopagem e suas consequências jurídicas, com os enxadristas que violam
o referido regulamento.
Quais são os
problemas que os organizadores de e-Sports enfrentam?
O controle
antidopagem é provavelmente o mais importante dos problemas que se apresentam
às organizações responsáveis pelo desenvolvimento dos diferentes e-Sports. O
controle de doping em competições dessa natureza não tem sido uma tarefa fácil
em uma disciplina interessada em ingressar no COI. Porém, este problema
vai mais longe porque nos e-Sports não é evidente a grande mobilidade ou
esforço físico evidente, existem armadilhas e manipulações capazes de adulterar
a competição, multiplicando o potencial de vitória dos jogadores profissionais.
Nesse tipo de
esporte, quais dificuldades se apresentam nos controles antidoping?
O primeiro está
relacionado à falta de pessoal médico qualificado, especializado na prática de
e-Sports. Assim como os esportes tradicionais contam com médicos e
profissionais de saúde, as competições eletrônicas também exigem especialistas
no estudo e tratamento de substâncias capazes de acelerar o desempenho de forma
química e não natural. O segundo e mais importante é a falta de um órgão
competente para garantir os controles antidoping nos e-Sports. Por enquanto,
nenhuma instituição tem poderes suficientes para exercer essa função
reguladora. Uma infraestrutura que requer pessoal competente e fundos
suficientes para estabelecê-la; esta necessidade, que ainda não foi satisfeita.
Nesse sentido,
que ações a Liga Esportiva Eletrônica tem realizado sobre a questão do doping
nos videogames?
A Electronic
Sports League (ESL) realiza seus próprios controles antidoping para os diversos
torneios de esportes eletrônicos que a empresa alemã realiza em todo o mundo. Neste
sentido, chegou a um acordo com duas entidades que realizam este tipo de
controles, como a AMA e a NADA , que a partir de 2016
passaram a garantir em conjunto a limpeza nas competições desportivas eletrônicas,
um passo mais que necessário na profissionalização imparável deles.
Por outro lado, devemos
enfatizar que a política de consumo de entorpecentes e álcool da Electronic
Sports League (ESL) é precisa: os jogadores estão estritamente proibidos de
estar sob a influência de entorpecentes, álcool ou outras substâncias que
melhorem o desempenho durante um jogo. A violação desta política é punível
com a exclusão do campeonato ESL One .
Neste sentido, a
Liga é precursora em matéria de soluções antidopagem e anti-cheat quando o
assunto é e-sports, pois passou a desenvolver seus processos desde o início, ao
invés de se basear em regras e procedimentos existentes, aplicados por outros
esportes.
Da mesma forma,
porta-vozes da League of Professional Videogames acreditam que o principal
problema é que não existe uma lista oficial de substâncias dopantes. O AMA
teve que ser usado, mas eles consideram que não é aplicável aos esportes
eletrônicos. Por enquanto, o LVP não menciona em seu regulamento sanções
ou proibições ao uso desse tipo de droga.
Quando se
trata de doping ou trapaça eletrônica, qual é a maior preocupação da Coalizão
pela Integridade dos Deportes Eletrônicos?
O ESIC dá mais
importância ao uso de software de trapaça ou cheat ou programas de truques. São
programas que auxiliam o jogador através de manobras de haqueamento ou ataques
de negação de serviço, que podem causar a desconexão de jogadores ou mesmo de
uma equipe inteira. Um relatório apresentado por esta organização sobre
ameaças potenciais, coloca os cheats como o
principal problema no esporte eletrônico, garantindo que existem "inúmeros
exemplos" e que há um negócio lucrativo em torno de software para este
uso.
Este tipo de
“doping eletrônico ou digital” possui uma série de características que devem
ser levadas em consideração.
A
primeira é que não é o jogador que entorpece, mas o seu computador. São
programas de computador que ajudam significativamente o jogador. Em geral,
um software avançado oferece uma grande ajuda que o próprio jogo não permite. Este
tipo de programa foi tratado com seriedade em sua época de competições face a
face também durante um torneio Major Counter-Strike,
especificamente durante o DreamHack Winter 2014, onde os jogadores pela
primeira vez na história dos e-Sports não puderam entrar no recinto do jogo com
seus celulares pessoais.
Por que o
dinheiro é considerado uma motivação nesses esportes?
O fator dinheiro
é considerado motivador nos videogames porque a cada dia o número de
patrocinadores e prêmios aumenta consideravelmente. Por exemplo, "The
International", torneio em que se disputa o conceituado DOTA 2, em 2015,
ofereceu uma premiação que ultrapassou US$ 18 milhões, US$ 8 milhões a mais que
o prêmio do ano anterior.
De acordo com a Coalizão,
a maioria das organizações do setor agora, que estão cientes do perigo que isso
representa, toma medidas para evitar esses programas. Nas competições
presenciais, o equipamento técnico (computadores ou consoles) é fornecido pela
própria organização, pelo que o jogador tem poucas oportunidades de instalar
software de qualquer tipo. Há também um monitoramento de jogo para ficar
atento a qualquer comportamento estranho. E as penalidades para jogadores
pegos trapaceando podem variar de multas a proibição vitalícia de participar de
competições.
Fonte: Blanco, U.
(2019) "Dopagem desportiva, guerra infinita" FIDE
Anti-Doping Regulations /
fide.com