Prezados/as Enxadristas e
Comunidades,
Na sequência de artigos do Dr.
Uvencio Blanco, na plataforma do Chessbase.com, segue-se a temática as pesquisas
com enfoque cognitivo e os processos envolvidos na resolução de problemas de
xadrez.
Boa leitura a todos!
Que a força esteja conosco!
Fábio
da Rocha
Presidente do Clube de Xadrez
Scacorum Ludus
04/12/2020 – Em outra oportunidade temos
afirmado que jogar xadrez implica na expressão de um conjunto de problemas
interessantes que envolvem a participação de importantes habilidades da mente.
Esta é uma das razões que impulsionaram as primeiras pesquisas para os
processos envolvidos na resolução de problemas de xadrez.|Foto: Najda Wittmann (Chesbase);| Tradução: Fábio da Rocha (Clube de Xadrez
Scacorum Ludus/UFS)
Os achados obtidos na pesquisa sobre habilidades e processos da mente do enxadrista sugerem que estes são aplicáveis ao treinamento esportivo;
Foi comprovado que existem outros elementos associados ao cérebro que desempenham um papel significativo no desempenho esportivo; sendo esses fatores de caráter mental; tais como potencialidades ou habilidades intelectuais, cognitivas e emocionais.
Os potencializadores ou estimuladores cognitivos são produtos inicialmente desenvolvidos para o tratamento de doenças neurodegenerativas que afetam principalmente a fase de envelhecimento.
Aplicações específicas no campo das neurociências estão começando a ser relevantes, em particular o uso dos chamados medicamentos inteligentes, os neuromelhoradores e estimuladores transcranianos.
A prática de xadrez envolve atividades cognitivas complexas.
Como resultado disso, os pesquisadores estimaram que a busca por soluções para múltiplos problemas, apresentados no quadro, sugerem a realização de uma atividade cognitiva complexa; o que lhe permite permanecer como foco de ação das ciências cognitivas.
Pesquisas sobre essas habilidades e processos sugerem que tais descobertas são aplicáveis ao treinamento esportivo. Na verdade, nos últimos anos, os instrutores e treinadores de xadrez desenvolveram novos métodos de treinamento em busca de realizações atléticas. É interessante que o estudo e a prática desta disciplina conduzam a uma melhoria na compreensão do jogo de tal forma que permite –na participação em torneios- a obtenção do maior número de pontos possível e o alcance das normas e títulos do xadrez; que por sua vez representa parte do crescimento de um jogador.
Quais fatores são relevantes para o desempenho atlético?
Nas últimas cinco décadas, a preocupação com a
melhoria do rendimento desportivo tem vindo a desenvolver-se de forma
constante, visto que estamos cada vez mais conscientes de que - no rendimento
desportivo não depende apenas dos músculos, nervos e ossos, da sua capacidade
para inflar força, velocidade, potência ou resistência. Está provado que
existem outros elementos associados ao cérebro, que desempenham um papel
significativo nas conquistas desportivas e esses fatores são de natureza
mental; como potencialidades ou habilidades mentais e emocionais.
Assim, o principal impacto das aplicações advindas das neurociências nos atuais esportes de rendimento está na possibilidade de localizar uma função cerebral e associá-la a uma função motora e, consequentemente, verificar através da elaboração de estímulos visuais, auditivos e cinestésicos que o processamento da informação ocorre em certos circuitos cerebrais. Dessa forma, pode-se estabelecer quais áreas do cérebro controlam determinados movimentos ou sensações, e a partir daí facilitar a compreensão e o uso de mecanismos que possam melhorar esses processos.
Drogas inteligentes e neuromelhoradores
Mas também devemos levar em conta que os últimos avanços no doping parecem estar associados aos avanços da biotecnologia. Para além do doping genético e do desenvolvimento de próteses, já começam a ser relevantes aplicações específicas no campo das neurociências, nomeadamente a utilização das chamadas drogas inteligentes, neuromelhoradores e estimuladores transcranianos. Esses dispositivos estão sendo projetados para melhorar não apenas os aspectos fisiológicos do desempenho esportivo, mas também os cognitivos.
Aqui, devemos destacar que os estimuladores ou potencializadores cognitivos são produtos que foram inicialmente projetados para o tratamento de doenças neurodegenerativas que afetavam principalmente a fase de envelhecimento. Porém, nos últimos anos, tais medicamentos encontraram um mercado formado por pessoas sem doenças de base, ou seja, saudáveis.
Por outro lado, as funções que esses potencializadores cognitivos têm desenvolvido enfocam a possibilidade de permanecer mais tempo acordado, mantendo altos níveis de atenção e concentração, mesmo em condições de estresse mental, ou melhorando a memória.
Isso implica que tais intensificadores afetam a cognição; sendo entendido como tal, o processo mental do conhecimento, que compreende a consciência, a percepção, o raciocínio e o julgamento. Seu adjetivo é cognitivo.
Em um contexto mais especializado, cognição é a habilidade que os seres vivos possuem de processar informações desde a percepção (estímulos que chegam até nós do mundo exterior através dos sentidos), o conhecimento adquirido através da experiência e nossas características subjetivas que nos permitem integrar todas essas informações para avaliar e interpretar o mundo. Essa integração passa por um processo que inclui as seguintes capacidades: aquisição (percepção), seleção (atenção), interpretação (compreensão) e retenção (memória).
Consequentemente, melhora cognitiva pode ser definida como qualquer aumento nas capacidades envolvidas no processo de cognição por qualquer meio ou sistema, interno ou externo, de processamento de informações.
Em quais habilidades da mente de um jogador de xadrez os efeitos do aprimoramento cognitivo podem ser observados?
A pesquisa indica que, em geral, os especialistas em xadrez expressam os mesmos limites cognitivos que os novatos porque não possuem inteligência superior ou talento especial. É por isso que o uso ilegal de intensificadores cognitivos pode estimular a expressão de algumas das habilidades gerais relacionadas a melhores resultados esportivos; já dissemos: percepção, atenção, memória, resolução de problemas, planejamento, tomada de decisão, etc.
Melhorias cognitivas, também denominadas neuroestimulação, são as técnicas e procedimentos através dos quais se tenta aumentar o potencial do cérebro em capacidades ou habilidades cognitivas específicas, como resistência à fadiga, expansão da memória e fixação da atenção por longos períodos de tempo, entre outras. Para atingir este objetivo, é necessária a aplicação de métodos inovadores típicos da biomedicina e da neurocirurgia e de tratamentos farmacológicos e não farmacológicos específicos. Para fins práticos, os termos neuromelhoramento e melhora cognitiva são usados como sinônimos.
De fato, as contribuições das neurociências e da farmacologia puderam ser observadas em áreas importantes da mente do enxadrista, como estados emocionais associados à depressão, ansiedade, estresse, timidez e medo, entre outros. Da mesma forma, cria as condições para que você se sinta mais feliz, mais confiante, corajoso ou agressivo. Vistas assim, essas ações podem ter um impacto direto no desempenho atlético.
Fonte: Blanco, U. 2020) "A irresponsabilidade de brincar de ser deuses"