QUANTOS LIVROS DE XADREZ NECESSITAMOS PARA PROGREDIR?




Os enxadristas, em geral, somos consumidores de todo tipo de conteúdo enxadrístico. Os mais comuns são livros de xadrez de aberturas, meio jogo, finais, biografias dos melhores jogadores, entre outros, e muitas vezes caímos na armadilha mercadológica de “Jogue a Abertura X e ganhe”, por exemplo, que nos mostra um sem fim de partidas com uma variante em particular onde o jogador que desenvolve a abertura X ganha na maioria das partidas.
Isso sem falar dos arquivos ‘chessmedia’, pois, aí,  já temos uma quantidade de informação muito grande e de difícil manuseio. Isto sem contar com a prática do jogo na Internet, ou tomar aulas via Skype, etc., e então o cenário é estarrecedor em termos de informação.
É possível que tenhamos mais que livros suficientes para tentar progredir. O que temos que fazer é um plano de como trabalhar com toda essa informação para que nos seja útil. O problema principal, provavelmente, é o tempo disponível. Perguntaram a Kasparov de como podia progredir no xadrez se tinha pouco tempo? Garry respondeu: “ como quer progredir se não tem tempo? E aqui o xis da questão. Se temos o interesse em jogar melhor, se você é um jogador ambicioso e quer eventualmente ganhar algum torneio de primeira força ou inclusive ser Candidato a Mestre (CM), Mestre FIDE, Mestre Internacional (MI) ou Grande Mestre (GM), terá que dedicar tempo à preparação.
Temos já, hoje em dia, toda a informação possível – e praticamente de forma gratuita – para poder melhorar no xadrez. O que então é requerido é algo que tem a ver com disciplina. Se não se estuda com disciplina, todos os dias, as melhoras serão eventuais e, além disso, provavelmente, percam com o tempo, porque o cérebro requer um treinamento constante e não estudar um momento hoje e talvez outro momento daqui a um par de dias.
Por isso, a sugestão é fazer um plano de trabalho. Vamos propor um simples e talvez possa servir de referência:
1.      Tome como referência algum arquivo digital sobre a abertura que lhe interesse, ou livros sobre o tema, e estude por dia uma hora essa abertura. Revise as variantes. Faça notas se não entender para depois ver com o programa de xadrez de sua preferência, as razões pelas quais uma jogada que talvez para você pareça boa é má ou vice-versa. Não tente memorizar necessariamente as variantes, mas busque compreender as ideias por trás da abertura (ou defesa) escolhida. Não espere que em um par de dias esteja dominada a abertura que está estudando;
2.      Jogue partidas rápidas (mais de 10min e prefira as de 15min ou mais) com seus amigos, na Internet, para medir esse treinamento, ou seja, provar a abertura em questão para reconhecer as sutilezas que muitas vezes só aparecem quando a gente está na partida. Não se preocupe muito com o resultado. O essencial é adquirir experiência prática a respeito;
3.      Use outra hora para jogar uma partida contra seu engine favorito desde a posição crítica da abertura. Não se engane e jogue inclusive anotando a partida. Simule a situação de torneio. Se perde não tem que dizer a ninguém. Não importa o resultado, mas ver como manejar dita abertura na prática;
4.      Estude muitos exercícios de tática, há muitíssimos livros e programas, do tipo “jogam as brancas e ganham”, “jogam as negras e ganham”, etc. Trate de não ver a solução se não sabe como se ganha e regresse a ele depois. Tem que sair da zona de conforto e fazer um esforço porque senão, tudo será inútil. Faça de 25 a 50 exercícios por dia. Prepare um caderno para essa finalidade e faça-os sem tabuleiro, apenas vendo o diagrama, nada mais. Não deixe um dia sem fazer os exercícios de tática. São fundamentais;
5.      Veja partidas de algum jogador que goste. Estude, por exemplo, Miguel Tal. Tem partidas maravilhosas. Não somente reproduza as partidas. Trate de entender o motivo das jogadas. De novo, o esforço está na aprendizagem;
6.      Uma vez por semana trate de jogar uma partida contra alguém de seu nível ou mais alto (o computador pode ajudar nisso), com tempos regulares. Anote a partida e depois a revise com o motor de xadrez. Asseguro que encontrará falhas rapidamente, mas de novo é aí onde chega na aprendizagem;
7.      Nos finais, dedique tempo aos de torre, que são os mais comuns nas partidas de torneio. Aprenda as manobras e posições básicas. Há livros de exercícios de finais onde tem que ganhar ou buscar um empate milimétrico;
Tudo isso leva tempo. Administre-o. Não procure ter pressa e pensar que em um par de semanas já estará melhor no xadrez. Os avanços no xadrez de competição são, muitas vezes, pequenos, pouco a pouco, e subir na escala seguinte pode levar meses e às vezes anos. Porém, não se desespere. Trabalhe com constância e com dedicação e de novo DISCIPLINA, seu xadrez melhorará significativamente, ainda que possa levar um ano ou um ano e meio para ver os resultados. Se não aparecem estes resultados, não se decepcione. Pouco a pouco chegarão.
Voltando à pergunta que dá titulo a este artigo: não, não necessitamos de mil livros mais novos. Podemos usar muito livros inclusive “antigos”, como os 4 tomos de “Tratado Geral de Xadrez” de Grau ou mais recentes como os livros sobre abertura, meio-jogo e finais de Lazlo Polgar e lhes dará uma bagagem geral sobre tática muito valioso.

Tradução com adaptações: http://la-morsa.blogspot.com.br/2016/03/cuantos-libros-de-ajedrez-necesitamos.html

Comentários

Rodrigo disse…
Gostei da postagem. Obrigado Fabio.
Rodrigo disse…
Gostei da postagem. Obrigado Fabio.

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